domingo, 8 de setembro de 2013

Tambores da Terra Vermelha (Resenha de Adail Vilela)

TAMBORES DA TERRA VERMELHA
 (por Adail Vilela)

Antônio Francisco de Jesus (Saracura) lança mais um livro, atendendo ao apelo de seu coração, de suas origens: “Há agora tambores ruflando longe, em volta (chega incomoda o presente) convocando os filhos que finalmente aprenderam a cantar e a relatar. A epopeia desse povo guerreiro não pode ser esquecida. E ainda é tempo!” 

O autor dos excelentes OS TABARÉUS DO SÍTIO SARACURA, MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES e MINHA QUERIDA ARACAJU AFLITA, lança agora um novo título, dividido em três partes: Adeus, velho rincão; Jeitos de viver e de morrer; e O inusitado e o sobrenatural. Porém, antes de falar da obra, considerei muito simbólica a presença do Cônego Carvalho no lançamento de TAMBORES DA TERRA VERMELHA. Quem leu MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES entende (ou entenderá, se bateu a curiosidade de ler)... 

O glossário é um item de primeira necessidade para os desacostumados com o rico linguajar típico do interior sergipano, mas não dá conta... ou sabe o leitor o que é decretado (p. 14), requevém (p. 16), macacoa (p. 18), breguessos (p. 20), cutim (p. 21), facho (p. 25), frechal (p. 27), testo (p. 27), cantareira (p. 27), moguento (p. 47), bigu (p. 57), encangotar (p. 97), croá (p. 133), rascou (p. 143), galinha maninha (p. 195), godoro (p. 226)? 

Saracura, referindo-se ao sítio da infância, afirma que “não existe nada melhor do que o que se produz naquele sítio abençoado, haja vista nós.” Modéstia a parte... Vejam que conto curioso: um primo estaria ficando broco, sua esposa (irmã do autor) advertira. O primo retruca: “Sua irmã é quem está broca. Você sabia que o primeiro sintoma do broco é espalhar que outra pessoa (esposo, amigos) está ficando?” E o escritor se questiona: “E agora? Pelas minhas contas, ambos (ele e a esposa) estavam espalhando... Até eu estou também aqui.” E eu... 

Adiante temos o que, acredito, seja o primeiro registro literário de uma das mais típicas interjeições sergipanas: “Ah! Pois”. E o impagável duelo de espertezas de Fim de turno? Saracura tem um jeito peculiar, original, de pontuar, que torna muito vivo o texto, isto é, transmite o frescor de um bate-papo íntimo. Exemplificando: “Contei-lhe um pouco de mim, incluindo algumas esquisitices bisonhas, clareando seu céu, quem sabe, duvidoso. Achei!” 

A parte III é toda muitíssimo interessante, um registro parte folclórico, parte mítico, de grande riqueza cultural. O Papa peito, por exemplo, é um conto de estranho magnetismo, que você lê boquiaberto e finaliza com um arrepio. O último conto do livro, Distintos povoados, está inserido na terceira parte (O inusitado e o sobrenatural) por artes do escritor, isto é, não se enquadra, tematicamente, nem por sobrenatural nem por inusitado, mas por talento... Mistura localidades, política, parentesco, futebol, futuro e sonhos. De fato, são muitos tambores da terra vermelha, mas acabou... “ora, já se viu!” 
  • (Como a resenha foi postada no facebook suscitou cometários, de que transcrevo parte).

    Antonio Francisco Jesus Li e já tomei as providências cabíveis (para uma segunda edição, sabe Deus quando!). Sua avaliação sobre Tambores da Terra Vermelha fez-me cancelar todos os compromissos para ler o livro também (outra vez). Penso que valerá a pena. Obrigado pela dica Adail Vilela de Almeida 
  • Adail Vilela de Almeida Todas as vezes que você (ou qualquer leitor) ler TAMBORES DA TERRA VERMELHA valerão à pena, caro Antonio Francisco Jesus! (rsrsrsrsrsrs) Mostrei a uma amiga sua resposta, divulgada no grupo ARACAJU, e só com base na mesma ela disse que sentiu interesse de ler o livro. Palavras dela: "Diga a ele que eu senti que ele é mesmo escritor!" Parabéns, portanto, mais uma vez!

2 comentários:

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  2. Confesso que ainda não li Tambores da Terra Vermelha, embora o meu já esteja comprado e autografado, mas confesso também que “estou em cólicas” para degustá-lo como a mais preciosidade iguaria literária, ainda mais depois que li a Resenha de Adail Vilela e Maria do Carmo Costa.
    Como Li "Os Tabaréus do Sítio Saracura", tenho a mais absoluta certeza, que os Tambores da Terra Vermelha, farão eclodir como um eco no coração de cada cidadão Itabaianense que logo se reconhecerão na figura tão próxima e tão querida do “seu” escritor.
    Saracura, desejar sucesso é redundância, pois o livro já é um sucesso estrondoso, desejo sim, o reconhecimento no cenário Literário Nacional, como Grande Escritor que é.
    Parabéns!

    Mazé Carvalho

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